sábado

Aquilo que não és


Quando usas o vestido comprido e pões no teu cabelo castanho escuro aqueles ganchos com flores de papel brancas e cor-de-rosa, muito recortadinhas que parecem rendas, imagino-te uma fada, com uma aura brilhante e expressão sempre serena. Quase te vejo a segurar uma flauta, a qual delicadamente beijas e da qual retiras uma bela melodia, de olhar fixo no vazio. Quando te mexes e abres a boca e começas como sempre a refilar com tudo à tua volta, esqueço a fada e volto ao que é real. Mas é isso mesmo, e ainda assim, que me faz ficar embasbacado a olhar. Deves estranhar a minha reacção, mas embevece-me a tua energia, o teu ânimo, a tua inconformidade. Ao mesmo tempo afliges-me... Procurarás sempre algo que não pode ser alcançado nunca. No entanto não pareces preocupar-te com isso. Parece ser a única coisa com que não te preocupas. E enquanto estiveres descansada quanto a isso, por mim tudo bem.