domingo

Desces a rua

Desces a rua alheada. Do tempo, da chuva, do frio, do apito do comboio. Do autocarro que sobe, da mulher com mil sacos do supermercado. Revês mecanicamente os gestos de um dia robotizado. Tanto que esboças largos, lentos, difusos movimentos no ar, imitando as horas que nunca chegam ao fim. Diluis operações pelas horas fora, incapaz de lhes pôr um fim. Vai para casa! Manda um berro pelo caminho! Expulsa esse demónio! Relaxa... Mas dás por ti, a tua porta já passou. Parece que nem sabes já onde moras. Onde vives?

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